terça-feira, março 30, 2010

Consciência Corporal

Vejamos que interessante o que diz a reportagem “O primeiro passo (por Priscilla Santos)” da revista Vida Simples ao propor a dança contemporânea não para a formação de bailarinos profissionais, mas como forma de autoconhecimento. Transcrevo trecho da reportagem, pois vale a pena entender o corpo no processo da dança.

Conhece-te a ti mesmo
Se queremos nos expressar por meio do corpo, é preciso antes conhecê-lo. Saber o que existe lá dentro, quais são as direções dos ossos, músculos e articulações, esmiuçar cada detalhe como uma criança que desmonta um brinquedo para ver como funciona. Em geral, mantemos o corpo adormecido. Somos criados dentro de certos padrões e ficamos acomodados naquilo, escreve o bailarino e coreógrafo Klauss Vianna (1928-1992), criador da técnica de consciência corporal no Brasil, no livro A Dança. Esses velhos padrões vão criando as couraças musculares, que nos impedem de explorar as potencialidades do corpo e ainda nos geram aquelas dorzinhas chatas. É o jeito torto de deitar para assistir TV ou o hábito de ficar sentado o dia todo. Assim, acabamos usando alguns músculos demais e outros de menos, criando tensões desnecessárias.
É curioso, no dia seguinte a uma aula de dança contemporânea (como as que fiz para escrever esta reportagem), sentir uma dorzinha num músculo que você nem sabia que existia, ou se dar conta de que sempre botou o esforço no lugar errado na hora de fazer um movimento simples como levantar a perna. Numa aula, o professor pode propor que você massageie seu pé (ou o do colega) enquanto explica o nome de alguns ossos, suas funções e por aí vai.
Pois a dança surge de nossos processos internos, ou seja, de como nossos músculos se movem, como os ossos se encaixam e como colocamos emoção em nossa massa. Daí a idéia de buscar a dança que existe dentro de cada um. Para isso, é preciso estar atento ao corpo, o tempo inteiro. Para Klauss Vianna, a aula de dança começa pela manhã, quando abrimos os olhos na cama. O aquecimento interno ocorre na rua, no chuveiro, no trânsito. Assim, mudar a posição do sofá ou o local de dormir dentro da própria casa são estímulos que geram conflitos e novas musculaturas em nosso cotidiano: espaços novos, musculatura nova, visão nova. E não é só levar a dança para o dia-a-dia ou vice-versa. Mais que isso: reconhecer que essa divisão não existe, pois o corpo que dança é o mesmo que corre, brinca, come, ama e sofre. Quanto mais levarmos em conta essa dimensão existencial revelada por meio do nosso corpo, quanto mais considerarmos as dúvidas e os questionamentos que nascem na relação com o mundo exterior, mais proveitoso poderá vir a ser o trabalho realizado e tanto mais rico o resultado obtido, escreve Klauss.

Um comentário:

  1. cara... show de bola e meus parabéns pelo Blog a partir de agora irei acompanha-lo sempre... abraços Andres

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