Um amigo me trouxe a edição da Revista Veja ( Ed. 2137 de 4 de novembro de 2009) para eu ler a reportagem especial sobre 2012 e o ‘ fim do mundo’ por que sabendo de todas as referências históricas ali contidas, iria me agradar e muito a reportagem ( daria sim um belo enredo de escola de samba), mas o que trago aqui é um outro artigo; escrito por Juliana Linhares – PEQUENO MANUAL DA CIVILIDADE / As pequenas vantagens de virtudes grandemente subestimadas, analisadas por quem entende do assunto [...].
Transcrevo um primeiro trecho do artigo pra nós:
“Engana-se quem pensa que civilidade é uma matéria relacionada a senhores pomposos e mesas cobertas de talheres esquisitos. Mas é verdade que o tema foi tratado por cavalheiros com quilometragem de pelo menos alguns séculos. Tudo o que disseram, porém, sobre a necessidade de convenções sociais para promover a boa convivência e administrar conflitos permanece de urgente contemporaneidade [...]”; e assim, entre a teoria filosófica e social a repórter constrói um texto cheio de exemplos práticos de nossa vida cotidiana hoje; das teorias de convivência em grupo de Schopenhauer ( e a vida como os porcos-espinhos) aos falsos perfis de internet. Traçando assim, um mapa de 10 virtudes que, mais ou menos esquecidas hoje, nos traiam uma melhor e mais pacífica convivência. Vale o lembrete civilizatório da repórter para nós.
Honradez: “relacionada à fidelidade aos próprios princípios ou ao próprio eu. Ou, no popular, ter vergonha na cara”.
Integridade: o termo tem “raízes na Grécia antiga, onde o sujeito íntegro era chamado aplos, uma peça só – projetando com esse nome a imagem de inteireza, de alguém que não tem duas palavras, duas lealdades”.
Boas maneiras: segundo Piero Massimo Forni, “Até umas três gerações atrás, boa parte da sustentação emocional e material das pessoas vinha dos familiares. Hoje convivemos muito mais com amigos e desconhecidos, e, nesse caso ser afável é uma vantagem”. “A regra geral, e não escrita, de decência estabelece que todos devem ser tratados com os requisitos básicos de cortesia – ‘bom dia’, ‘por favor’, ‘obrigado’ e ‘até logo’ [...]”.
Tolerância: diz Bolívar Lamounier “Tolerância tem a ver com comportamentos diferentes daqueles que valorizamos e pelos quais temos repugnância. exercê-la é importante não só para a convivência social como para a sanidade mental”.
Autocontrole: “Quem acha que tem temperamento forte, sangue quente ou pavio curto, e usa essas expressões para justificar comportamentos agressivos, deve considerar a hipótese oposta. ‘A pessoa que não controla a agressividade no fundo tem ego fraco’ explica a psicóloga Lidia Aratangy”.
Civilidade: “Hoje, o que entendemos como a idéia central de civilidade é justamente o respeito pelos outros. Os bons modos mostram a nosso próximo que temos estima por ele, diz Ribeiro. Roberto Romano propõe uma pergunta simples para aplicar o conceito de civilidade em diferentes situações da vida cotidiana: o que eu posso fazer pelo outro para que a vida de todos seja suportável?”.
Honestidade: “Na sociedade ocidental cristã, a figura do trapaceiro é uma das mais odiadas. A trapaça fere várias convenções sociais, entre elas a obediência às regras e a honradez, diz Roberto Romano”.
Contenção verbal: “Quem acha que tem de ‘pôr para fora’ tudo o que pensa e até invoca o pensamento mágico ( “assim não vou ter infarto”) na verdade não está no comando de si mesmo. ‘Viver em sociedade implica abrir mão de certas selvagerias para obter a proteção social que vem da vida em conjunto’, diz Roberto Romano. ‘Nesse contexto, a má-educação, a ganância desmedida, a negligencia ao outro, são todos fatores de desagregação social’.”
Pedir desculpas: “O arrependimento sincero, aquele cuja intenção seja menos aliviar a consciência do ofensor e mais dar uma satisfação moral a quem foi ofendido, é um lenitivo de eficácia comprovada através dos tempos. Só os seres altamente evoluídos se desculpam com classe e naturalidade, mas os demais – ou seja, todos nós – também podem desfrutar do sentimento de paz interior que essa atitude desencadeia. É só treinar direitinho”.
Decoro: “A fala decorosa é aquela que diz o que tem de dizer sem adular ou ferir. O comportamento decoroso é aquele que não ofende os outros, que não agride, que não é exibicionista ou apelativo, explica Roberto Romano”.
Vale a pena sim, nos analisarmos e sentir se somos tão ‘civilizados’ assim. Conviver em sociedade/ grupo não é tarefa fácil, mas ninguém disse que é impossível. Tentemos então!
PS: a íntegra da reportagem (Vale a pena ler de verdade!) esta nos arquivos digitais de Revista Veja; só procurar a edição no. 2137.
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